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domingo, 28 de setembro de 2014

Disfunções Hormonais Tiroidianas- Hipertiroidismo e Hipotiroidismo

A tiroide é uma glândula endócrina, em forma de borboleta, localizada no pescoço, à frente da traqueia. A sua função primacial é a produção de hormonas que influenciam a taxa metabólica do organismo, interferindo com o funcionamento e regulação de diversos sistemas de órgãos. As hormonas mais importantes produzidas por esta glândula são a tiroxina (T4) e a triiodotironina (T3).
No caso de anormalidade, as células tiroidianas poderão produzir hormonas em quantidades elevadas ou diminutas: o hipotiroidismo (défice na produção de T4 e T3) provoca uma diminuição da atividade metabólica e o hipertiroidismo (produção anormalmente elevada de T4 e T3), leva a um aumento da mesma. A patologia na tiroide é cerca de oito vezes mais frequente no sexo feminino e geralmente tem origem genética.

Cerca de 95% dos casos de hipotiroidismo é causado pela patologia conhecida por Tiroidite de Hashimoto. Esta doença é caracterizada pela presença de anticorpos direcionados contra a tiroide culminando na apoptose das células tiroidianas. Como consequência desta obliteração celular, a produção hormonal de tiroxina e triiodotironina, sofre um decréscimo acentuado, levando ao hipotiroidismo. Por outro lado, a falta de iodo no sangue também poderá provocar a condição mencionada; isto deve-se ao facto do iodo ser uma substância essencial na produção de hormonas tiroidianas.

Mulher com hipertiroidismo- Tiroide inchada (Bócio)
Fonte: http://www.directoalamesa.com/wp-content/
uploads/2012/09/Bocio.jpg
Noutra vertente, a doença de Basedow-Graves ou Bócio Difuso Tóxico é uma doença caraterizada pela estimulação da glândula tiroidiana, tornando-a mais ativa; é a causa mais comum de hipertiroidismo. Devido a esta estimulação contínua dos recetores de TSH (hormona estimulante da tiroide), apesar dos mecanismos de feedback negativo, a tiroide sofre uma hipertrofia e as hormonas tiroidianas são segregadas a taxas anormalmente altas. Níveis elevados de iodo no organismo também poderão levar a concentrações anormais de hormonas tiroidianas no sangue. A ingestão de certos medicamentos também poderá estimular a ação da tiroide no organismo.

Sintomas

Hipertiroidismo

  • Pele quente e húmida; 
  • Taquicardia e palpitações;
  • Aumento do tamanho da tiroide- o bócio;
  • Perda de peso, incluindo diminuição da massa muscular;
  • Intolerância ao calor;
  • Distúrbio do ciclo menstrual.

Hipotiroidismo

  • Fadiga, sensação de cansaço e de fraqueza muscular;
  • Queda de cabelo;
  • Intolerância ao frio (maior sensibilidade ao frio);
  • Aumento do colesterol;
  • Anemia;
  • Diminuição da frequência dos batimentos cardíacos;

Implicações na Fertilidade

As hormonas tiroidianas têm um papel preponderante no ciclo hormonal feminino, interferindo com a fertilidade da mulher; poderão comprometer a normal regulação hormonal, nomeadamente com a ovulação assim como poderão comprometer o desenvolvimento do feto. Durante a gestação um desequilíbrio hormonal da tiroide pode aumentar o risco de aborto no primeiro trimestre, hipertensão gestacional, hemorragia pós-parto e alterações do desenvolvimento neurológico do feto/bebé.
O bebé poderá ser afetado pelas disfunções tiroidianas da mãe
Fonte: http://www.abc.es/Media/201309/18/feto458--644x362.JPG

Hipertiroidismo


Anomalias Ovulatórias: No hipertiroidismo existe uma quantidade anómala das hormonas T3 e T4 no sangue. Este aumento anormal de hormonas tiroidianas estimula em excesso a hipófise anterior, culminando na libertação contínua e exagerada das gonadoestimulinas LH e FSH. Este processo contínuo tem consequências nefastas no organismo feminino, levando à hiperestimulação dos ovários e excesso de produção de hormonas sexuais femininas. Este excesso de hormonas no organismo provoca anomalias no ciclo ovulatório, levando à libertação de oócitos prematuros, ou defetivos, provocando fortes cólicas menstruais à mulher.

Hipotiroidismo


“Efeito Contracetivo”: Pelo contrário, no hipotiroidismo verifica-se uma diminuição das hormonas FSH e LH. Consequentemente, os ovários não serão estimulados para produzir níveis aceitáveis de estrogénio e progesterona havendo um aumento dos níveis de prolactina no sangue. A prolactina é uma hormona normalmente associada à produção do leite e tem um efeito anti-ovulatório, ou seja, não permite a ovulação. Devido à carência de LH haverá uma diminuição temporal da fase lútea. Nesta fase são produzidas hormonas, nomeadamente a progesterona, que provocam o crescimento do endométrio, ou seja, mesmo em caso de haver ovulação e fecundação, a nidação será dificultada.

Diagnóstico

Análise sanguínea- deteta hipo/hipertiroidismo
Fonte: http://www.hemosan.com.br/capa
/hemosan_foto_analise_proc_sangue.jpg
Para haver um equilíbrio hormonal, no que diz respeito às hormonas tiroidianas as concentrações de TSH no sangue terão de ser proporcionais às concentrações de T3 e T4. O diagnóstico tanto do hipotiroidismo como do hipertiroidismo pode ser feito através de análises sanguíneas. No caso do hipotiroidismo é possível detetar uma quantidade diminuta das hormonas T3 e T4 e excessiva de TSH no sangue. Pelo contrário, no caso de a paciente ser afetada por uma ativação excessiva da glândula tiroidiana (hipertiroidismo), os níveis de T3 e T4 serão elevados e diminutos no que diz respeito à TSH.


Tratamento


Tratamento não-cirúrgico


Medicação/ Reposição Hormonal: O tratamento do hipotiroidismo ou hipertiroidismo poderá basear-se na reposição dos níveis normais das hormonas tiroxina e triiodotironina através de medicação administrada por via oral ou via-intravenosa.

Iodo Radioativo (Iodo- 131): No caso apenas do hipertiroidismo existe ainda um tratamento à base da administração de iodo radioativo. Nesta terapia Iodo- 131 é administrado por via-intravenosa, circulando no sangue até chegar à tiroide. Ao atravessar a membrana citoplasmática das células tiroidianas conjuga-se com os organelos celulares, nomeadamente organelos responsáveis pela síntese proteica, levando à necrose da célula. Este tratamento não tem efeito imediato, sendo que a regulação hormonal é um mecanismo lento, mas os seus resultados são definitivos.

Tratamento cirúrgico


Tiroidectomia: Em caso de hipertiroidismo grave, a remoção cirúrgica de parte ou toda a tiroide é uma solução permanente, mas não normalmente a preferida, por causa do risco de danos às glândulas paratiroides (que controlam os níveis de cálcio no organismo) e aos nervos da laringe (cordas vocais). O médico pode recomendar a cirurgia, quando os medicamentos ou terapia com iodo radioativo não são apropriados.

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